Sábado, 9:30
O Café tem normalmente meia dúzia de pessoas a esta hora . É aconchegado e quentinho no Inverno. No Verão tem sempre uma esplanada, agradável de manhã, insuportável à tarde. Duas idosas tagarelam na mesa ao lado sobre tudo e nada … Mergulho no mundo jornalístico de fim de semana (única forma, e a suficiente, para me actualizar sobre o que se passa no país) e as vozes passam a soar vaga e imperceptivelmente nos meus ouvidos.
“Adeus, que Deus nos dê saúde para irmos andando…”
Esta frase de uma delas, ao partir, puxa-me para a realidade . A ideia de que a saúde é algo de sobrenatural até tem a sua razão de ser. Na verdade, aquela geração e todas as outras que se lhe seguiram nunca viram algo que se assemelhasse a uma verdadeira assistência na saúde. Por que carga de água é que hão-de acreditar na saúde dos homens? Acredita-se na saúde divina e pronto! Deus dá o que quer e a mais não é obrigado e não há conhecimento de uma unica reclamação! Agora o “irmos andando” tem que se lhe diga. É uma expressão tão interiorizada que todos nós a usamos frequentemente, como resposta ao "como estás?" . Uma coisa assim que nem é carne nem é peixe.Típico.
Na verdade este país sempre foi um país de “ir andando”. Tanto andámos que hoje estamos à beira do precipício… “Andando e deixando andar…” é o lema de muitos Portugueses que não estão para se preocupar sequer com a sua "vidinha" quanto mais com a do vizinho ou a do país... Triste mas real.
2 comentários:
Estas passagens por cafés mais típicos realmente fazem-nos aproximar das raízes de um tempo que se esquece de passar.
Senti-me sentado ao teu lado a olhar a rua nesse local, porventura calmo, e meditei... que posso eu fazer para este país ver onde anda...
Obrigado Ad pela tua visita. Vai aparecendo :)
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